“Será que ele nunca me vai
beijar?”
André não lhe podia ler o
pensamento, mas, nessa noite, Mariana desejou com toda a força que ele
possuísse esse poder de super-herói. Não se podia ter enganado sobre os sinais
que ele lhe lançara. O olhar demorado quando se focava nela, o sorriso que lhe
oferecia quando a abordava, a forma como tentava sempre ficar perto dela,
chamar-lhe a atenção, seduzi-la.
“Não lhe dei já sinais
suficientes de que também estou interessada?”, perguntava-se a jovem quando se
escapuliu para a casa de banho, para conseguir ficar sozinha alguns momentos. E
logo uma outra voz dentro da sua cabeça lhe disse que estava a ser parva. Que
estava simplesmente a interpretar de acordo com o seu desejo secreto uma série
de acções de André que eram, no mínimo, subjectivas. Só porque o rapaz se
mostrara simpático com ela não queria dizer que houvesse ali um interesse
extra. O que é que lhe passara pela cabeça para se apaixonar assim por alguém
que, provavelmente, nunca poderia ser seu?
Respirou fundo e olhou-se ao
espelho da casa de banho. Foi-lhe devolvida a sua imagem de uma jovem bonita,
com imensos e doces olhos azuis, cabelo castanho dourado e uns lábios rosados.
“Serei suficientemente bonita para atrair um homem como André?”, questionou-se.
Algu Nesse momento, a sua insegurança e timidez subiram como uma vaga gigante e
Mariana convenceu-se naquele instante que nada daquilo era real.
Quando saiu da casa de banho e se
dirigiu para junto dos amigos, viu que André se entretinha a falar com Carlota.
Qual era a dúvida? Não era Carlota uma jovem vistosa, extrovertida, atiradiça?
Pois bem, era absolutamente normal que André gostasse das atenções que ela lhe
dispensava…
Pensativa, Mariana sentou-se na
outra ponta da mesa, deixando o seu lugar entregue à bela Carlota,
esforçando-se por participar nas outras conversas do grupo, mas sempre tentando
escutar, apesar da música, o que se estava a passar entre eles os dois…
Conhecia André há já algum tempo.
O jovem regressara de um estágio em Londres e o irmão dele, o Tomás, não tardou
a apresentá-lo ao grupo de amigos. André fez logo sucesso entre as mulheres:
era giro, encantador, inteligente. O assédio começou então. Cada uma delas (com
excepção de Mariana, que era demasiado tímida para tentar algo assim)
esforçou-se por conquistá-lo. Mas ele parecia difícil, porque, apesar de se
mostrar sempre simpático, nunca dera azo a que mais alguma coisa acontecesse…
Pelo contrário, parecia gostar
cada vez mais da companhia de Mariana. Sentava-se a seu lado quando jantavam
juntos, procurava saber os seus gostos, ria-se das suas piadas. Mariana, que na
verdade já estava há algum tempo apaixonada por André, começou a acreditar que
talvez existisse da parte dele um outro interesse que não o da simples amizade:
por vezes era um olhar, noutras ocasiões uma palavra que pareciam esconder
significados obscuros. Mas se calhar era apenas a sua imaginação a falar mais alto…
Essa noite, ele dedicara-lhe uma
atenção especial. Mas talvez fosse apenas porque eram os seus anos – aquela
noite, Mariana celebrava o seu vigésimo quinto aniversário – pensava agora a
jovem, ao vê-lo conversar alegremente com Carlota.
Subitamente, as lágrimas
subiram-lhe aos olhos. Tinha de sair dali, apanhar ar, fugir de André! Por
isso, levantando-se de um salto, subiu as escadas que davam para o terraço,
onde se encontravam apenas alguns casais de namorados.
Encostou-se ao pequeno muro e,
assim, protegida, deixou que as lágrimas corressem, livres pelo rosto.
- “Abandonaste a tua festa de
anos...”, escutou então atrás de si.
Não, não estava a sonhar. Era a
voz de André. Com vergonha, tentou limpar com as costas das mãos o rosto
molhado, mas ele já tinha reparado no que se passava… Porém, não fez perguntas,
antes, com os olhos brilhantes, estendeu-lhe um pequeno embrulho, dizendo
apenas: “a tua prenda.”
Com mãos trémulas, ela abriu o
embrulho. E nas suas mãos brilhou uma pulseira com pequenos pingentes Um deles
era um pequeno coração e foi essa visão que fez o seu coração bater mais
depressa. Mas não consegui agradecer-lhe porque nesse instante os lábios de
André já se tinham colado aos seus, beijando-a com sofreguidão. E todo o seu
corpo retribuiu essa entrega.
De mãos dadas, saíram dali sem ninguém dar conta, meteram-se
num táxi e foram até ao apartamento de Mariana. Foi aí que André a despiu com lentidão, enquanto a
respiração da jovem se tornava mais rápida. Por fim, ela estava nua, à sua
frente, e André olhava-a com paixão e surpresa, para logo a envolver com os
braços, tocando as suas costas, o seu peito, as suas nádegas, pressionando
contra a sua pubis o pénis erecto, o que a fez transbordar de prazer.
André
sentou-se na cama, Mariana sentou-se sobre ele e assim ele a penetrou, devagar,
acariciando-lhe os mamilos rosados. Nessa noite, perderam a noção do tempo, das
vezes que fizeram amor, das palavras de paixão que murmuraram ao ouvido um do
outro.
Aquela
fora, sem duvida, a melhor prenda de anos que Mariana podia desejar.
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