segunda-feira, 3 de junho de 2013

Prenda de anos




“Será que ele nunca me vai beijar?”

André não lhe podia ler o pensamento, mas, nessa noite, Mariana desejou com toda a força que ele possuísse esse poder de super-herói. Não se podia ter enganado sobre os sinais que ele lhe lançara. O olhar demorado quando se focava nela, o sorriso que lhe oferecia quando a abordava, a forma como tentava sempre ficar perto dela, chamar-lhe a atenção, seduzi-la.

“Não lhe dei já sinais suficientes de que também estou interessada?”, perguntava-se a jovem quando se escapuliu para a casa de banho, para conseguir ficar sozinha alguns momentos. E logo uma outra voz dentro da sua cabeça lhe disse que estava a ser parva. Que estava simplesmente a interpretar de acordo com o seu desejo secreto uma série de acções de André que eram, no mínimo, subjectivas. Só porque o rapaz se mostrara simpático com ela não queria dizer que houvesse ali um interesse extra. O que é que lhe passara pela cabeça para se apaixonar assim por alguém que, provavelmente, nunca poderia ser seu?


Respirou fundo e olhou-se ao espelho da casa de banho. Foi-lhe devolvida a sua imagem de uma jovem bonita, com imensos e doces olhos azuis, cabelo castanho dourado e uns lábios rosados. “Serei suficientemente bonita para atrair um homem como André?”, questionou-se. Algu Nesse momento, a sua insegurança e timidez subiram como uma vaga gigante e Mariana convenceu-se naquele instante que nada daquilo era real.

Quando saiu da casa de banho e se dirigiu para junto dos amigos, viu que André se entretinha a falar com Carlota. Qual era a dúvida? Não era Carlota uma jovem vistosa, extrovertida, atiradiça? Pois bem, era absolutamente normal que André gostasse das atenções que ela lhe dispensava…
Pensativa, Mariana sentou-se na outra ponta da mesa, deixando o seu lugar entregue à bela Carlota, esforçando-se por participar nas outras conversas do grupo, mas sempre tentando escutar, apesar da música, o que se estava a passar entre eles os dois…

Conhecia André há já algum tempo. O jovem regressara de um estágio em Londres e o irmão dele, o Tomás, não tardou a apresentá-lo ao grupo de amigos. André fez logo sucesso entre as mulheres: era giro, encantador, inteligente. O assédio começou então. Cada uma delas (com excepção de Mariana, que era demasiado tímida para tentar algo assim) esforçou-se por conquistá-lo. Mas ele parecia difícil, porque, apesar de se mostrar sempre simpático, nunca dera azo a que mais alguma coisa acontecesse…

Pelo contrário, parecia gostar cada vez mais da companhia de Mariana. Sentava-se a seu lado quando jantavam juntos, procurava saber os seus gostos, ria-se das suas piadas. Mariana, que na verdade já estava há algum tempo apaixonada por André, começou a acreditar que talvez existisse da parte dele um outro interesse que não o da simples amizade: por vezes era um olhar, noutras ocasiões uma palavra que pareciam esconder significados obscuros. Mas se calhar era apenas a sua imaginação a falar mais alto…

Essa noite, ele dedicara-lhe uma atenção especial. Mas talvez fosse apenas porque eram os seus anos – aquela noite, Mariana celebrava o seu vigésimo quinto aniversário – pensava agora a jovem, ao vê-lo conversar alegremente com Carlota.

Subitamente, as lágrimas subiram-lhe aos olhos. Tinha de sair dali, apanhar ar, fugir de André! Por isso, levantando-se de um salto, subiu as escadas que davam para o terraço, onde se encontravam apenas alguns casais de namorados.

Encostou-se ao pequeno muro e, assim, protegida, deixou que as lágrimas corressem, livres pelo rosto.

- “Abandonaste a tua festa de anos...”, escutou então atrás de si.

Não, não estava a sonhar. Era a voz de André. Com vergonha, tentou limpar com as costas das mãos o rosto molhado, mas ele já tinha reparado no que se passava… Porém, não fez perguntas, antes, com os olhos brilhantes, estendeu-lhe um pequeno embrulho, dizendo apenas: “a tua prenda.”

Com mãos trémulas, ela abriu o embrulho. E nas suas mãos brilhou uma pulseira com pequenos pingentes Um deles era um pequeno coração e foi essa visão que fez o seu coração bater mais depressa. Mas não consegui agradecer-lhe porque nesse instante os lábios de André já se tinham colado aos seus, beijando-a com sofreguidão. E todo o seu corpo retribuiu essa entrega.

De mãos dadas, saíram dali sem ninguém dar conta, meteram-se num táxi e foram até ao apartamento de Mariana. Foi aí que André a despiu com lentidão, enquanto a respiração da jovem se tornava mais rápida. Por fim, ela estava nua, à sua frente, e André olhava-a com paixão e surpresa, para logo a envolver com os braços, tocando as suas costas, o seu peito, as suas nádegas, pressionando contra a sua pubis o pénis erecto, o que a fez transbordar de prazer. 

André sentou-se na cama, Mariana sentou-se sobre ele e assim ele a penetrou, devagar, acariciando-lhe os mamilos rosados. Nessa noite, perderam a noção do tempo, das vezes que fizeram amor, das palavras de paixão que murmuraram ao ouvido um do outro.
Aquela fora, sem duvida, a melhor prenda de anos que Mariana podia desejar.

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