quinta-feira, 4 de abril de 2013

Paixão relâmpago


- Anda cá depressa ver isto.

Ana esfregou os olhos. O que se passava na cabeça de Sandra para a arrancar da cama quase de madrugada? Mas o entusiasmo da amiga era tão grande que Ana fez um esforço e foi ter com ela à janela do quarto, de onde se avistava um enorme camião de mudanças.

- Vamos ter um vizinho novo…

No meio da confusão de móveis e caixotes a serem descarregados pelos funcionários da empresa de mudanças, Ana achou difícil descobrir quem seria a pessoa em questão. Porém, o entusiasmo de Sandra era evidente quando, de braço estendido, lhe indicou um jovem, alto, com corpo de desportista, ombros largos e cabelo aloirado curto, que dava as indicações aos restantes.

- Não é lindo? – perguntou Sandra à amiga.

Com um revirar de olhos, Ana afastou-se da janela. Não era possível que tivesse sido por causa de um homem que fora arrancada da cama daquela maneira, às sete da manhã! Não havia paciência para os entusiasmos infantis de Sandra de cada vez que via um rapaz bonito. Por isso, regressou à cama e preparou-se para mais duas horas de sono.

Dois dias depois, estava Ana a terminar um relatório no computador, quando Sandra entrou entusiasmada na sala, a gritar:

-Vamos a uma festa!

‘Ok, e qual é o entusiasmo? A festas vamos nós imensas vezes’, pensou Ana perante tamanho entusiasmo. Mas esperou que a amiga lhe desse mais informações sobre o assunto:

- O Pedro convidou-nos para a inaguração.

- Qual Pedro? – questionou Ana, sem a mínima ideia sobre quem é que ela poderia estar a falar.

- O vizinho novo, claro. Vamos hoje a uma festa em casa dele.

Ana torceu o nariz arrebitado… Não lhe apetecia nada enfiar-se na casa de um desconhecido, com gente que não conhecia, só porque a amiga não conseguia controlar os seus impulsos. Mas quando partilhou este estado de espírito com Sandra, a resposta que obteve surpreendeu-a.

- Não faças isso. Ele disse-me claramente que gostava muito de te conhecer…

- Mas ele nem sequer sabe quem sou!

- Isso é o que tu pensas. No outro dia viu-te à janela quando estava a chegar, que eu bem reparei que os olhos dele não se afastaram de ti. Ele ficou tipo hipnotizado…

Ana não conseguiu deixar de rir! Aquilo era um disparate. Ela não era nenhuma Gisela Bundchen, apesar do rosto bonito e do corpo magro.

- Disse-me que achava que já te conhecia… Achei aquilo muito interessante. Não tens nada a perder em ir. Não é como se fosse muito longe…

Sandra quase arrastou a amiga pelo braço, mas às nove da noite estavam as duas frente à porta de casa de Pedro, onde já se escutava o som de música e de vozes.

Quando o vizinho novo abriu a porta, Ana teve de concordar com a amiga: ele era deveras atraente e isso era agora ainda mais patente, ao ter oportunidade de ver de perto os seus olhos cinzento-esverdeados a observarem-na com entusiasmo.

- Ainda bem que puderam vir - disse, abrindo a porta para elas entrarem.

Seis horas depois, os lábios de Pedro estavam a percorrer devagar, de mansinho, a pele nua de Sandra. Deitada na cama, ela fechava os olhos e entregava-se àquele prazer imenso e inebriante de sentir que cada célula do seu corpo vibrava. Pedro tocou-lhe os seios com as mãos, beijou-lhe os mamilos rosados, desceu até ao umbigo e, depois, procurou o caminho até ao meio das suas pernas. Sandra gemia, quando um primeiro orgasmo chegou comandado pelas carícias de Pedro. E depois gritou novamente quando, já dentro de si, ele se moveu com mestria até que um segundo orgasmo os visitou aos dois. Amaram-se mais vezes aquela noite, como se nunca tivessem desejado mais nada, como se se conhecessem há séculos.

- Isto nunca me aconteceu! – disse Sandra já de manhã, quando Pedro lhe levou o pequeno-almoço à cama como um sorriso no rosto da mais pura felicidade. A jovem ainda não acreditava que fosse possível uma pessoa apaixonar-se em seis horas, mas fora isso que acontecera: desde que ela chegara à festa, a atracção fora imediata e tinham conversado indiferentes às restantes pessoas. Quando deram por isso, a festa chegara ao fim e o primeiro beijo chegara, inevitavelmente.

- Nunca te aconteceu por não tinhas encontrado a tua alma gémea – disse Pedro.

Sandra olhou-o longamente, ao rosto atraente, sentindo a paixão que os seus olhos lhe transmitiam. E percebeu que ele tinha razão!