sexta-feira, 6 de maio de 2016

Aceitar o desafio II


Porém, a verdade é que já estavam há duas horas a conversar, a um canto da sala, e era óbvio que havia ali, quente e forte, uma química entre eles. Bárbara sentia-se bem a seu lado, gostava dos seus olhos castanhos rasgados, dos lábios carnudos, das mãos morenas.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Aceitar o desafio I



Quando é que ia parar de sonhar com aquele homem? Que raiva que aquilo lhe dava. Afinal, ele era o tipo de homem que sempre afirmara, com desdém algo patético, que não a impressionava. Dizia às amigas, naquelas conversas regadas a vinho tinto e gin, quando a altas horas já falavam de rabos e pénis masculinas como se analizasse as últimas calças da moda, que ele era demasiado bonito. Que tinha um corpo atlético demasiado perfeito ('deve ser doente do ginásio', comentava com sarcasmo). Como se não fosse nada com ela, sussurrava às amigas que falavam dele com suspiros e 'ais' à mistura, que tinha sempre aquela irritante aura de vedeta em seu redor. Conclusão: não simpatizava nada com ele e se algum dia tivesse o azar de se cruzar com ele, iria dar-lhe o tratamento do desprezo.

Um aparte: nunca o conhecera pessoalmente. Apenas de revistas de gossip e de programas de televisão de sábado à tarde. Era verdade que tivera curiosidade - que Bárbara jamais reconhecera junta a terceiros - de conhecê-lo pessoalmente quando soube que Bernardo ia estar na festa de anos do seu irmão mais velho (Eduardo era médico de muitos jogadores de futebol e, por isso, não era de estranhar conhecer bem a mais recente estrela da equipa que estava prestes a ganhar campeonato.

Na festa em questão, estavam mais de cinco dezenas de pessoas e Bárbara podia simplemente ter ignorado a jovem estrela, mas deu por si a aproximar-se do irmão no exacto instante em que este trocava dois dedos de conversa com Bernardo, o que tornou a apresentação inevitável...

Ela sorriu, um sorriso contido, e deram dois beijos no rosto. Pareceu-lhe que Bernardo estava meio envergonhado e não com a pose segura que seria de esperar de quem era apelidado como um dos mais desejados solteiros do momento Mas mais tarde, naquela mesma noite, ele dissera-lhe que era porque a achava a mulher mais bonita daquela sala. Contudo, sabendo que ela era médica, pensava que nunca lhe acharia qualquer interesse... Isto foi antes da sua mão caminhar livremente entre as suas pernas, mas houve um caminho até lá chegar...