sexta-feira, 6 de maio de 2016

Aceitar o desafio II


Porém, a verdade é que já estavam há duas horas a conversar, a um canto da sala, e era óbvio que havia ali, quente e forte, uma química entre eles. Bárbara sentia-se bem a seu lado, gostava dos seus olhos castanhos rasgados, dos lábios carnudos, das mãos morenas.
Havia, contudo, o lado racional de  a interpor-se no momento em que tinha duas opções: ou seguia com Bernardopara continuarem a noite em algum lado (não estavam sentados naquele sofá há uma hora, os joelhos juntos, os ombros a roçarem?), ou seguia sozinha para casa (tinham passado seis meses desde que se separara do marido).
Não era a segunda a mais óbvia? Não tinha decidido que Bernardo era um convencido que, mal ela saisse da sala, ia seduzir a mulher que estivesse mais perto. Mas que toque quente o daquela mão no seu joelho. Como era bom quando as vozes em volta falavam mais alto e ele tinha de aproximar aqueles lábios carnudos e húmidos do seu ouvido.

Não queria saber! Ia fugir. E assim optou pela segunda. Não estava preparada para estar com um homem, principalmente um que tinha uma legião de fãs femininas atrás dele e que não era (repetia para si) o seu género de homem.

Foi para casa, vendo a desilusão espelhada nos olhos de Bernardo ('Mas já? Agora que estávamos a conhecer-nos? Tens a certeza?, dissera, em tom dilacerado, ao vê-la levantar-se e dizer que tinha de ir). Bárbara saira na mesma, um sorriso fugaz, um beijo apressado no rosto do jovem, sem uma desculpa capaz.

Porém, desde então –e passara uma semana - os sonhos sucediam-se a uma velocidade alucinante e, em todos eles, estava Bernardo. E como fazia amor com ela!

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