quinta-feira, 13 de junho de 2013

Sonho de adolescente





Maria amava Martim desde sempre. Agora, decidira-lhe confessar o seu amor. Seria possível que o sonho de uma vida se tornasse realidade?

Os braços dele envolveram-na com paixão, pressionando-a contra o seu corpo. Maria soltou um suspiro à medida que os lábios de Tomás se aproximavam dos seus. Sentia-se nervosa e, ao mesmo tempo, invadida por uma felicidade nova e poderosa. O momento estava quase, quase a chegar, aquele instante com que sonhara toda a sua vida.
Foi nesse instante que acordou. Abriu os olhos cor de mel e viu-se no seu quarto. Tudo aquilo não era mais do que um sonho. Romântico, bonito, sedutor. Mas a realidade era tão diferente! Porque é que o destino se comprazia em fazê-la sofrer ainda mais, mostrando-lhe o seu desejo concretizado sob a forma de um sonho? Tomás não estava ali, a seu lado, prestes a beijá-la…
Amava-o há tanto tempo! Apaixonara-se por Tomás quando tinha quinze anos. Os pais do jovem tinham acabado de chegar à vila e, com eles, vinha o filho, com os seus olhos castanho-esverdeado, o cabelo cor de fogo, o rosto bonito e o estilo rebelde. Desde que Maria o vira entrar na sala de aulas, nunca mais fora a mesma – um rubor subira-lhe ao rosto quando os olhos de Tomás pousaram nos dela, segundos antes de se sentar a seu lado, na carteira. Tinha ficado enfeitiçada. Passado pouco tempo, descobriu que não era só ela, mas também todas as outras raparigas, que suspiravam por ele.
Tornaram-se amigos. Nada mais. Isso não surpreendeu Maria. Era gordinha e usava uns enormes óculos de massa que lhe escondiam o rosto. Por que havia ele de preferi-la às suas colegas, bem mais giras?
Os anos foram passando. O corpo de Maria transformou-se e ganhou formas harmoniosas, os óculos foram substituídos por lentes de contacto, que mostravam o seu rosto bonito, de boneca. Desabrochou e tornou-se uma mulher. Nem por isso Martim deixara de tratá-la da mesma forma – como uma amiga… Nunca como uma rapariga por quem se pudesse apaixonar.
Vieram os anos da faculdade. Martim e Maria passaram a encontrar-se nas férias porque estudavam em cidades diferentes. Nada mudava. Martim tratava-a da mesma forma de sempre. Agora, iria vê-lo outra vez… Seria por isso que tivera aquele sonho? Afinal de contas, estava nervosa. Tomara uma decisão e iria cumpri-la agora que terminara o curso e regressara à vila, para um mês de férias antes de começar a trabalhar em Lisboa.
Martim chegava naquele dia e tinham combinado encontrar-se ao final da tarde junto da nascente do rio, um local onde tinham estado muitas vezes no passado. Aquelas férias seriam o fim de um ciclo, pois Maria decidira contar-lhe o que sentia. Não que tivesse alguma esperança de que Martim retribuísse o sentimento, mas precisava de se libertar e de seguir em frente com a sua vida.
Com nervosismo, levantou-se e iniciou o seu dia. Parecia-lhe que as horas não passavam. Mas a verdade é que quando, às cinco da tarde, chegou ao local do encontro e viu o carro de Martim aí estacionado, estremeceu. Estava nervosa.
Aproximou-se devagar por detrás dos arbustos. O som mágico das cascatas envolvia o local. Sempre soubera que, se um dia confessasse o seu amor a Martim, seria ali. Viu-o então sentado numa pedra, a olhar o rio, perdido nos seus pensamentos. O perfil perfeito do rosto desenhava-se contra a paisagem. Maria estremeceu, mas caminhou até ele. Martim, ao escutar os seus passos, voltou-se e os lábios abriram-se num sorriso.
A jovem retribui-lhe o sorriso. Como era bom estar ali, com ele. Antes de regressar à realidade.
- Então, o que queres conversar comigo? Deve ser importante para escolheres um local tão secreto.
Maria sabia que se conheciam há demasiado tempo para conversas fúteis. Ele tinha ido directo ao assunto. Era agora ou nunca…
- Sabes estes anos, em que foi tua amiga? A verdade é que te enganei sempre…
Martim olhou-a, perplexo. Maria, agora que começara, não ia perder a coragem.
- A verdade é que sempre te amei. Desde o primeiro momento em que te vi…
Pronto, estava dito. Maria sentia-se leve. Faltava-lhe apenas a coragem para olhar para Martim, que continuava de pé, a seu lado.
Foi nisto que sentiu que a mão dele agarrava a sua e a apertava com força. Virou e observou a mesma emoção que sentia expressa no rosto de Martim. O que significa aquilo?
Viu-se apertada entre os seus braços, tal qual o seu sonho. Os lábios de Martim aproximavam-se dos seus… Seria um sonho? Iria ela despertar?
Dessa vez, não acordou. Trocaram um longo e apaixonado beijo. Só depois Maria se afastou um pouco e demonstrou-lhe num simples olhar toda a surpresa.
- Não compreendes que te amo há muito tempo? Também eu pensava que era só amizade o que sentias por mim…
Os braços de Maria envolveram-lhe o pescoço. Rebolaram, beijando-se, pela erva molhada, ao mesmo tempo que se iam despindo de uma forma desastrada. Ninguém os podia avistar ali. A tarde estava tépida. Os corpos ficaram nus. Martim beijou-lhe os seios com ardor. A vagina de Maria estava já húmida quando ele se deitou sobre ela e a penetrou com suavidade, fundindo-se os corpos em movimentos sincopados. Num beijo eterno atingiram o orgasmo de uma forma mágica…
Quando Maria abriu os olhos e viu o rosto de Martim sorrir para ela, teve a certeza que valera bem esperar dez anos por aquele momento…


segunda-feira, 3 de junho de 2013

Prenda de anos




“Será que ele nunca me vai beijar?”

André não lhe podia ler o pensamento, mas, nessa noite, Mariana desejou com toda a força que ele possuísse esse poder de super-herói. Não se podia ter enganado sobre os sinais que ele lhe lançara. O olhar demorado quando se focava nela, o sorriso que lhe oferecia quando a abordava, a forma como tentava sempre ficar perto dela, chamar-lhe a atenção, seduzi-la.

“Não lhe dei já sinais suficientes de que também estou interessada?”, perguntava-se a jovem quando se escapuliu para a casa de banho, para conseguir ficar sozinha alguns momentos. E logo uma outra voz dentro da sua cabeça lhe disse que estava a ser parva. Que estava simplesmente a interpretar de acordo com o seu desejo secreto uma série de acções de André que eram, no mínimo, subjectivas. Só porque o rapaz se mostrara simpático com ela não queria dizer que houvesse ali um interesse extra. O que é que lhe passara pela cabeça para se apaixonar assim por alguém que, provavelmente, nunca poderia ser seu?


Respirou fundo e olhou-se ao espelho da casa de banho. Foi-lhe devolvida a sua imagem de uma jovem bonita, com imensos e doces olhos azuis, cabelo castanho dourado e uns lábios rosados. “Serei suficientemente bonita para atrair um homem como André?”, questionou-se. Algu Nesse momento, a sua insegurança e timidez subiram como uma vaga gigante e Mariana convenceu-se naquele instante que nada daquilo era real.

Quando saiu da casa de banho e se dirigiu para junto dos amigos, viu que André se entretinha a falar com Carlota. Qual era a dúvida? Não era Carlota uma jovem vistosa, extrovertida, atiradiça? Pois bem, era absolutamente normal que André gostasse das atenções que ela lhe dispensava…
Pensativa, Mariana sentou-se na outra ponta da mesa, deixando o seu lugar entregue à bela Carlota, esforçando-se por participar nas outras conversas do grupo, mas sempre tentando escutar, apesar da música, o que se estava a passar entre eles os dois…

Conhecia André há já algum tempo. O jovem regressara de um estágio em Londres e o irmão dele, o Tomás, não tardou a apresentá-lo ao grupo de amigos. André fez logo sucesso entre as mulheres: era giro, encantador, inteligente. O assédio começou então. Cada uma delas (com excepção de Mariana, que era demasiado tímida para tentar algo assim) esforçou-se por conquistá-lo. Mas ele parecia difícil, porque, apesar de se mostrar sempre simpático, nunca dera azo a que mais alguma coisa acontecesse…

Pelo contrário, parecia gostar cada vez mais da companhia de Mariana. Sentava-se a seu lado quando jantavam juntos, procurava saber os seus gostos, ria-se das suas piadas. Mariana, que na verdade já estava há algum tempo apaixonada por André, começou a acreditar que talvez existisse da parte dele um outro interesse que não o da simples amizade: por vezes era um olhar, noutras ocasiões uma palavra que pareciam esconder significados obscuros. Mas se calhar era apenas a sua imaginação a falar mais alto…

Essa noite, ele dedicara-lhe uma atenção especial. Mas talvez fosse apenas porque eram os seus anos – aquela noite, Mariana celebrava o seu vigésimo quinto aniversário – pensava agora a jovem, ao vê-lo conversar alegremente com Carlota.

Subitamente, as lágrimas subiram-lhe aos olhos. Tinha de sair dali, apanhar ar, fugir de André! Por isso, levantando-se de um salto, subiu as escadas que davam para o terraço, onde se encontravam apenas alguns casais de namorados.

Encostou-se ao pequeno muro e, assim, protegida, deixou que as lágrimas corressem, livres pelo rosto.

- “Abandonaste a tua festa de anos...”, escutou então atrás de si.

Não, não estava a sonhar. Era a voz de André. Com vergonha, tentou limpar com as costas das mãos o rosto molhado, mas ele já tinha reparado no que se passava… Porém, não fez perguntas, antes, com os olhos brilhantes, estendeu-lhe um pequeno embrulho, dizendo apenas: “a tua prenda.”

Com mãos trémulas, ela abriu o embrulho. E nas suas mãos brilhou uma pulseira com pequenos pingentes Um deles era um pequeno coração e foi essa visão que fez o seu coração bater mais depressa. Mas não consegui agradecer-lhe porque nesse instante os lábios de André já se tinham colado aos seus, beijando-a com sofreguidão. E todo o seu corpo retribuiu essa entrega.

De mãos dadas, saíram dali sem ninguém dar conta, meteram-se num táxi e foram até ao apartamento de Mariana. Foi aí que André a despiu com lentidão, enquanto a respiração da jovem se tornava mais rápida. Por fim, ela estava nua, à sua frente, e André olhava-a com paixão e surpresa, para logo a envolver com os braços, tocando as suas costas, o seu peito, as suas nádegas, pressionando contra a sua pubis o pénis erecto, o que a fez transbordar de prazer. 

André sentou-se na cama, Mariana sentou-se sobre ele e assim ele a penetrou, devagar, acariciando-lhe os mamilos rosados. Nessa noite, perderam a noção do tempo, das vezes que fizeram amor, das palavras de paixão que murmuraram ao ouvido um do outro.
Aquela fora, sem duvida, a melhor prenda de anos que Mariana podia desejar.