segunda-feira, 4 de março de 2013

Pantera negra: 1 parte


Um homem e uma mulher cruzam-se na noite. Sem passado nem futuro, entregam-se a uma experiência única para ambos.

Olharam-se um de cada lado da sala. Intensamente. Ainda não tinha trocado uma só palavra. Eram perfeitos desconhecidos. Porém, desde que se tinham visto, a atenção jamais se desviou um do outro.

Graça estava a achar divertida a sensação. E, ao mesmo tempo, excitante. Não era o seu estilo entrar naquele tipo de jogos. Controlar um homem que não conhecia… Mas a cabeça estava tonta dos cocktails, ele era inegavelmente muito atraente, o ambiente era quente, a música tocava alto em batidas hipnóticas… Por que não corresponder? Um nervoso miudinho percorria-lhe a pele como pequenos choques eléctricos. Quando é que ele viria ter com ela? Sim, porque estava certa que isso iria acontecer. Aquela troca de olhares era o prelúdio, o primeiro capítulo de uma história que ainda ia acontecer.


Pedro tinha ficado preso em Graça no exacto instante em que chegara à festa e dera um breve relance pela sala. Ela estava no canto oposto, a baloiçar suavemente o corpo ao som da música, os olhos fechados, como se em transe. O cabelo de caracóis castanhos cuidadosamente modelados cobria-lhe por momentos o rosto, para logo os afastar, com um gesto de mão. Quando abriu os olhos, ficou extasiado. Eram de um verde intenso. Da cor da mais preciosa das esmeraldas. Nesse instante, ela reparou nele. Mirou-o primeiro com curiosidade. Depois, os lábios em forma de botão de rosa pareceram esboçar um pequeno sorriso que lhe era destinado. “Incrível”, pensou Pedro. Sentiu-se o homem mais sortudo do mundo. Não que tivesse azar com mulheres. Mas aquela, dizia-lhe uma vozinha dentro do seu cérebro, não era uma mulher qualquer.

Graça continuou a observá-lo enquanto dançava. Aos poucos, o estranho foi andando na sua direcção. Nenhum deles procurava disfarçar que se apreciavam e desejavam mutuamente. Não havia ali máscaras. Ele aproximava-se. Graça sorria-lhe ao longe. Por fim, estavam quase a tocar-se. De pé, junto à janela, a jovem continuou a dançar. Ele juntou-se a ela. Os corpos aproximaram-se lentamente, separados por uma distância mais pequena do que uma simples mão. Os olhos dele eram castanhos, a pele morena, os ombros largos. Sabia dançar. Sabia mexer-se num convite explícito. “Não devo estar boa da cabeça”, pensou Graça, sentido que ele estava prestes a envolver-lhe a sua cintura com o braço.

Pedro não soube explicar porque motivo, a dado momento, começou a andar em direcção à jovem. Ficaram em pé, um à frente do outro, como se estivessem hipnotizados. Tinha de sentir o cheiro dela. De descobrir como era olhar para dentro daquele verde-esmeralda. Quando deu por si, estavam quase colados. Ela movia-se com sensualidade, como se não tivesse absolutamente nada a esconder. Devia tocá-la? Queria fazê-lo mais do que tudo. E ela? Importar-se-ia? Vencendo o receio, colocou o braço em redor da sua cintura e puxou-a contra si. Podia sentir o seu corpo inteiro por debaixo do vestido fino, assim como as finas gotas de suor que cobriam a sua pele. Teve vontade de possui-la logo ali...


(A CONTINUAR...)

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