terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O amor vem a caminho




Não havia volta a dar. O carro ficara atolado numa vala que Vera, quase a dormir devido ao calor do sol naquela tarde de Primavera, nem sequer vira. Agora, olhando em redor, distinguia apenas algumas casas à distância e uma paisagem verde em redor…

‘Ainda bem que inventaram o telemóvel’, pensou, quando o começou a procurar na mala. Telefonava a chamar um reboque e, depois, dizia a Lídia que não esperasse por ela para jantar. Mas o que é que lhe passara pela cabeça para decidir ir passar o fim-de-semana à quinta de uma amiga que, por acaso, até ficava no fim do mundo?

Claro que sabia! Precisava de se afastar da cidade e de tirar Frederico de uma vez por todas da sua cabeça. Uma sensação de calor percorreu-lhe o corpo. Ainda se lembrava bem de ter entrado naquele quarto e de ver as costas de uma mulher, de nadegas perfeitas e de pernas bem abertas, sentada em cima do pénis do namorado. Ficara a ver a cena, em choque mas, ao mesmo tempo, um pouco excitada, ligeiramente molhada entre as pernas. Viu como aquela desconhecida se movia languida em cima de Frederico, como os seios, grandes e redondos, saltavam no ar, como os mamilos duros e de um rosa escuro ficavam espetados, como ela ficava ainda mais excitada quando as mãos de Frederico lhe davam palmadas no rabo e sim, ficara fascinada com a forma como aquela mulher se tinha vindo, com todo o corpo, gemendo sem qualquer pudor.

Só depois tivera coragem de mostrar a sua presença ali. E de dizer a Frederico que estava tudo acabado entre eles.
No meio destas reflexões, o seu coração parou! 

O telemóvel estava sem bateria. Por esta surpresa desagradável é que não estava à espera e se até àquele momento encarava o sucedido com calma e algum sentido de humor, agora, sentiu-se desesperar! O que podia fazer a não ser esperar que naquele caminho de terra batida aparecesse algum automóvel cujo condutor se predispusesse a ajudá-la?

Sabia que estava a um passo de começar a chorar como uma criança. Fechou os olhos para se acalmar e nisto escutou o som de um carro. Pelo espelho viu que se aproximava uma pick-up e, sem pensar duas vezes, saltou para o meio da estrada, gesticulando como uma louca. O carro imobilizou-se e lá de dentro saiu um homem com ar perplexo.

Vera contou-lhe a sua história. Ele ouviu-a em silêncio, depois sorriu e pediu para ela se acalmar. Foi nesse instante que a jovem observou melhor o homem à sua frente. Andava na casa dos vinte anos, tal como ela, tinha o cabelo castanho claro e o rosto bronzeado de quem passa muito tempo ao ar livre. A aparência era muito atraente, porém, o mais desconcertante eram os seus olhos: de um azul luminoso que parecia espalhar serenidade e paz. ‘Estes olhos não estão habituados a mentir’, pensou Vera, antes de acompanhar os seus passos largos em direcção ao carro.

Sem muitas palavras, mas com uma calma que era reconfortante, o jovem levou a pick-up até junto do de Vera, tirou uns cabos do porta-bagagem e puxou em cinco minuto o automóvel para fora da vala. Porém, o automóvel não andava. Então, ofereceu-se para rebocá-lo até à oficina mais perto.
E foi assim que Vera entrou para dentro do pick up, estendendo-se em agradecimentos, que o jovem recebeu com um ar envergonhado. Vera perguntou-lhe o nome. ‘Pedro’, respondeu o jovem, corando um pouco. Vera apercebeu-se que a sua presença de alguma forma o perturbava. Ficou feliz, porque sentiu que era mútuo. Por isso, esqueceu-se do carro e aproveitou cada minuto da viagem. Quem sabe se ele não era o homem da sua vida?

Pedro vivia numa quinta, herança dos pais já falecidos. Optara deixar a cidade para não perder a quinta. ‘É disto que eu realmente gosto’, confessou, com olhos brilhantes. A sinceridade do jovem actuou como um bálsamo no coração da jovem, habituada a rapazes que se interessavam apenas numa coisa: sexo.

Chegados à oficina, receberam boas notícias. O arranjo era simples, por isso, ao final da tarde, Vera podia seguir viagem… Logo de seguida, o coração da jovem pulou de felicidade quando o jovem a convidou para almoçar na quinta.

Ao chegarem, Vera deslumbrou-se com a beleza do lugar. Almoçaram no terreiro, a ver a paisagem das vinhas estender-se à sua frente. Pedro falou-lhe do trabalho da quinta com um amor e uma dedicação que a tocaram. Perderam noção do tempo e, quando deram conta, o sol estava a pôr-se.
Apesar de se apressarem para a oficina, não havia nada a fazer. Estava fechada. Pedro estendeu o convite para passar lá a noite. Vera aceitou…

Jantaram num pequeno restaurante na vila e seguiram para casa sob a luz estrelada. Como um cavalheiro, Pedro mostrou-lhe o quarto onde ela ficar, baixando os olhos, e até lhe emprestou um pijama. Mas quem dizia que ela conseguia dormir? O quarto de Pedro era mesmo ao lado e era só nisso que pensava. Por fim, tomou uma decisão: era agora ou nunca e aquele jovem tocara-a de uma forma tão profunda que não queria perder a única oportunidade de estar com ele.

Vera levantou-se na ponta dos pés, abriu a porta do quarto de Pedro e entrou para debaixo dos lençóis. Pedro também não dormia, mas recebeu-a com beijos apaixonados, como se estivesse à sua espera. O seu toque era de início tímido, mas seguro, e ao sentir os músculos daquele corpo contra o seu, Vera estremeceu de desejo. Despiram-se, as bocas coladas, a respiração ofegante, até que o pénis erecto entro dentro dela e uma sensação de calor a preencheu por inteiro. Vendo os olhos de Pedro frente aos seus, resplandecendo com a verdade da paixão que sentia, soube que naquela cama podia ficar a vida toda…

A verdade é que não foi ter com a amiga esse fim-de-semana. Nem no outro a seguir. Desde então, quando saia do trabalho à sexta-feira, metia-se no automóvel e corria para aquela quinta e para os braços do Pedro. E nunca se enganou no caminho para lá… nem caiu em nenhuma vala.









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